quinta-feira, 21 de junho de 2007


TRADICIONAL SEM SER RADICAL

Por: Hélio Barbosa
Divino e seu acordeon

Diviol Lira, 20 anos, é sanfoneiro, cantor e compositor de música popular nordestina, especialmente o autêntico Forró “Pé de Serra”, e tem como seu maior ídolo o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Natural de Recife-PE e criado desde cedo no Sertão paraíbano, Divino do Acordeon como prefere ser chamado artisticamente, começou a concretizar sua carreira de músico há 4 anos atrás, ainda de forma amadorística, de volta ao seu estado de origem, o Pernambuco. Em 2006 deu o seu primeiro salto rumo ao profissionalismo gravando o primeiro CD com a banda Xiado Bom. Este CD ganhou o título de “Pé na Estrada”. De lá pra cá, o artista já teve a oportunidade de tocar com nomes consagrados da música popular nordestina como Dominguinhos, Marinez, Santana “O Cantador”, Pinto do Acordeon, entre outros. Neste ano Diviol aceitou o convite do paraibano Pinto do acordeon para acompanhá-lo nesse período junino. Ainda este ano de 2007, Divino pretende lançar seu primeiro CD solo intitulado “Primeiras páginas”, o qual promete também lançá-lo na cidade de Patos-PB, onde passou a maior parte da sua vida. Na entrevista concedida ao repórter Hélio Barbosa, Divino fala além de sua trajetória como músico, um pouco do que é manter a tradição do forró, lado a lado com a tecnologia e as novas tendências da indústria cultural, acompanhe.


Repórter - Quando surgiu o seu primeiro interesse pela cultura popular nordestina, especificamente a musical?
Divino – Desde a minha infância eu fui criado aqui no sertão da Paraíba, na cidade de Patos. Então, desde cedo eu convivi com essa coisa do tradicional, ligada ao São João, as brincadeiras de criança, e que hoje já estão um pouco extintas. Começou dessa forma, eu me apaixonando pelos costumes aqui do sertão paraibano, apesar de ter nascido na cidade do Recife.

R – Em relação á música, o que te fez optar pelo Forró Tradicional como forma de expressar a sua arte?
D – Em decorrência desse contato com a cultura local, a música fluiu de forma natural, e o estilo que me cativou e me fez expressar isso de maneira mais sincera, foi o Forró Pé de Serra. Então desde cedo comecei a tirar os primeiros sons da sanfona, e daí por diante á vontade de tocar e de divulgar esse estilo, veio crescendo cada vez mais.

R – E o primeiro CD gravado já como banda, como surgiu a oportunidade?
D – Como éramos um grupo de jovens dispostos a estar tocando sempre, o nosso trabalho foi ficando cada vez mais conhecido por onde passávamos lá no Pernambuco. Sendo assim, resolvemos materializar tudo isso, e o meio mais prático, era a gravação de um CD como forma de maior divulgação do nosso estilo. Então caímos em campo e com muito esforço gravamos no ano passado o primeiro CD do Xiado Bom, com título de “Pé na Estrada”.

R – E nessa batalha de divulgar o forró autêntico, você sente alguma dificuldade frente as novas exigências do mercado fonográfico atual, ou seja, essa segmentação da música atual sufoca um pouco quem faz um trabalho mais tradicional?
D – Sentimos, e tudo isso pelo fato de sermos um grupo de jovens que tentam levar até o público, a essência do real Forró Pé de Serra. E sem ter nada contra, mas fazendo uma pequena observação, hoje o que se vê, são algumas grandes bandas ligadas mais a coisa da produção ou até mesmo a “pornofonia”, e deixando de lado o verdadeiro sentido e a autenticidade que é característico do forró.

R – como você diferencia o Forró Universitário que também é uma variação do tradicional, do que vocês fazem?
D – Na verdade há uma certa diferença pelo seguinte: O Forró Universitário ganhou esse nome por que inicialmente era o público universitário que curtia. Inclusive eu lembrei agora da grande cantora, Marinez, que eu tive a honra de conhecer um pouco antes de sua morte. Ela falava que, até que concordava com o forró feito por universitários, mas não com o termo “Forró universitário”, pois o forró não é burro nem muito menos feito para burros. (risos)
Porém, é um estilo que tá aí, e de certa forma tá levando essa coisa tradicional, só que com uma cara mais pop.

R – Essa popularização do forró, você acha que serve para melhor divulgar o estilo, ou pode haver alguma distorção por parte do ouvinte em relação a mensagem transmitida no produto final?
D – Olha, com certeza também pode ser usada de forma coerente quanto ao estilo, até por que uma coisa interessante é que, esse nosso Forró Pé de Serra enquanto muitos acham que é uma coisa arcaica, ao mesmo tempo ele é totalmente moderno. Pois, tudo parte da tradição, e onde você tem uma sanfona, um triângulo e uma zabumba, se tem um ritmo completo. Então eu vejo que, não havendo uma total descaracterização neste sentido, o produto final ainda pode conter uma identidade.

R – Falando de uma galera mais ousada como por exemplo a banda Cabruera que atualmente já mistura eletrônico com o som regional. Como você vê essa aplicação da tecnologia no tradicional?
D – Olha rapaz, eu acho que não tem como fugir da tecnologia. Eu não tenho nada contra, inclusive eu conheço o trabalho do Cordel do Fogo Encantado que também leva junto com o seu som moderno, traços da cultura popular.
Então eu vejo que é necessário inovar, porém, sem esquecer completamente das raízes.

R – Como você acha que um artista pode unir o trabalho verdadeiramente autêntico, com as novas exigências do mercado pelo avanço da tecnologia?
D – Hoje isso se torna uma coisa necessária certo, é uma questão de sobrevivência até. Com o mundo totalmente sofrendo os efeitos da globalização as coisas acontecem muito rápido, e a problemática que eu observo hoje, é muita informação e pouca formação. O que se percebe é que muitos jovens, não se interessam mais em conhecer artistas como Luiz Gonzaga, Marinez e Jackson do Pandeiro. Isso pode acarretar numa grande safra de artistas duvidosos. Então eu acho que até para usufruir da tecnologia como divulgação e inovação, deve-se ter o mínimo de conhecimento capaz de dar uma identidade ao trabalho produzido.

5 comentários:

Unknown disse...

Achei muito legal essa entrevista. Foi importante esclarecer algumas diferenças ligadas ao forró. Se faz muito importante também divulgar obras de forró pé-de-serra, um ritmo tipicamente nordestino e muito bonito. Desejo toda sorte do mundo ao meu amigo Diviol na divulgação de seu trabalho. Que Deus o abençoe e o faça crescer mais e mais. Conte comigo sempre que preciso, Divino do Acordeon.

Unknown disse...

Achei muito legal essa entrevista. Foi importante esclarecer algumas diferenças ligadas ao forró. Se faz muito importante também divulgar obras de forró pé-de-serra, um ritmo tipicamente nordestino e muito bonito. Desejo toda sorte do mundo ao meu amigo Diviol na divulgação de seu trabalho. Que Deus o abençoe e o faça crescer mais e mais. Conte comigo sempre que preciso, Divino do Acordeon.

Unknown disse...

Muitooo bom essa entrevista, pois com ela aprendemos mais um poco sobre "forró" e seu derivados....
Divino do Acordeon um abração em nome de todo Grupo Jovem Kairós que você tantos nos ajuda seja tocando ou cantando, muito obrigado mesmo.

SEMENTES DO CORAÇÃO disse...

É extremamente importante que a Cultura regional seja divulgada em grande escala,só assim, revela os novos talentos: como o Divino,por exemplo: Suas raizes comprovam a seriedade com que ele nos mostra, apresentando o seu trabalho.
Deixo, aqui registrado, o meu parecer, parabenizando-o pela belissima entrevista. Desejando que o sucesso seja o resultado final desta obra.

Lucélia Gomes

Ciromania disse...

divino é massa!
sou fã dele!
façam mais entrevistas com ele em!